sábado, 10 de janeiro de 2009

GIDEÃO - O OBREIRO DE VALOR

GIDEÃO - O OBREIRO DE VALOR


1 - TRIBO A QUE GIDEÃO PERTENCIA

Gideão era filho de Joás, o Abiezrita (Jz 6.11). Era assim chamado por ser descendente de Abiezer (também chamado de Ezri - Jz 6.11,24; 8.32; Nm 26.30), bisneto de Manassés (Js 17.2).

Portanto, Gideão pertencia à tribo de Manassés.

Esta tribo, assim como a tribo de Efraim, foram incluídas por Jacó, entre as doze tribos de Israel, em virtude da bênção concedida aos dois primeiros filhos de José, Efraim e Manassés, dos quais eram ambas descendentes, sendo estes, os dois primeiros filhos que José gerara com a egípcia Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om (Gn 45.51). Os dois foram adotados por Jacó como seus filhos (Gn 48.5; 13-20) passando assim a serem herdeiros também das promessas feitas a Abraão.

TIPOLOGIA

1. José, o pai de Efraim e Manassés (Gn caps. 37 a 50), era o tipo de Jesus, tendo em vista que muitas ocorrências de sua vida apontavam para fatos que ocorreram mais tarde na vida do Salvador:

· Amado pelo Pai (Gn 37.3; Mt 3.17);

· Odiado pelos irmãos (Gn 37.4; Jo 15.24);

· Enviado pelo Pai (Gn 37.13-24; 1 Jo 4.14);

· Vendido (Gn 37.28; Mt 26.14,15);

· Tentado e venceu (Gn 39; Mt 4.1-11);

· Preso entre dois criminosos, um salvo, outro condenado (Gn 40; Lc 23.32,33);

· Levantado e exaltado (Gn 41.14,43,44; Mt 28.18);

· Com trinta anos começou o ministério (Gn 41.46; Lc 3.23);

· A noiva não-hebréia (Gn 41.45; Ef 5.25,27);

· A tribulação obrigou os irmãos a procurá-lo (Gn 42; Mt 24.21; Zc 12.10; Is 26.16);

· Por ele vieram reconciliação e bênção para os irmãos (Gn 45,46; Is 11, 12 e 35);

· Todos os povos abençoados por causa dele (Gn 41.57; Is 2.2-4; 11.10).

2. Sendo José o tipo de Jesus, e tendo se casado com uma mulher gentia, podemos ver na adoção dos seus filhos Efraim e Manassés como filhos de Jacó, o pai de José, o tipo da Igreja, que é gentílica, e que através de Jesus Cristo foi adotada na família de Deus (Jo 1.12; Ef 1.5).
Naquele momento, Manassés tipificava a Israel, o primogênito de Deus (Ex 4.22), que rejeitou a Jesus Cristo, o Messias enviado por Deus, e por isto, o próprio Jesus anunciou-lhes que os gentios (a Igreja - tipificada em Efraim), entrarão primeiro no reino de Deus (Mt 21.28-46). Este o sentido profético porque Jacó deu a bênção da primogenitura ao que não era o primogênito.




2 - O VALE DE JEZREEL


(VALE DO MEGIDO = VALE DO ARMAGEDOM)
CENÁRIO HISTÓRICO DA BATALHA
TRAVADA POR GIDEÃO E OS SEUS TREZENTOS

Quando da divisão da terra, meia tribo de Manassés, inclusive os descendentes de Abiezer, herdaram o território compreendido entre o mar e os territórios das tribos de Aser, Issacar e Efraim.

Naquela região ficava o vale de Megido, também conhecido como vale de Jezreel. Megido (meghiddô) foi uma das cidades tomadas por Josué, quando invadiu Canaã (Js 12.21).

Pertencia ao território de Issacar, mas foi dada por herança à tribo de Manassés (Js 17.11), a qual não conseguiu expulsar os seus antigos moradores cananeus, que continuaram nela como tributários (Jz 1.27,28; 1 Rs 4.12; 9.15-19; 1 Cr 7.29).

Era localizada ao sopé da região montanhosa do lado norte da serra do Carmelo, na planície de Esdrelon, também conhecida como planície de Megido (antigamente era chamada vale de Jezreel - Js 17.11,16), que se estende desde os montes de Nazaré, ao norte, até aos montes de Samaria, ao sul, e entre os montes Carmelo e Gilboa.

Ao longo do vale de Jezreel (planície de Esdrelon), corria o rio Quisom (atual Nahr el-Muqatta), começando nas colinas do norte de Samaria, atravessando a planície e banhando, entre outras, as cidades de Suném, Jezreel (1 Rs 18.40), Megido (Jz 5.19), e Jocneão (Js 19.11), indo finalmente desaguar junto ao monte Carmelo, no mar de Acra, próximo a atual cidade israelita de Haifa.

Em toda aquela região, os reis que antecederam Josué, tinham carros de ferro (Js 17.16). Por ela passavam as principais rotas norte-sul, que atravessavam a Palestina ocidental, e também a importante rota que corria de leste para oeste.

Nela passava a estrada principal que ligava a Mesopotâmia ao Egito, e a estrada de comércio que vinha do sul da Arábia e ia até Gaza, na Filístia (Jz 6.3,4). Devido à sua localização estratégica, a região era conhecida como campo de batalha das nações. Ao longo dos séculos, ela tem sido palco de inúmeras guerras:

Durante a permanência de Israel na terra prometida, ali aconteceu a batalha de Débora e Baraque contra Jabim, rei de Canaã (Jz caps. 4 e 5); de Gideão contra os midianitas (Jz 7); a última batalha de Saul contra os filisteus (1 Sm 28 a 31); de Elias contra os profetas de Baal (1 Rs 18.40); de Ben-Hadade, rei da Síria contra Israel (1 Rs 20); de Josias, rei de Judá, contra Faraó Neco (2 Rs 23.29,30).

No Novo Testamento a área de Megido é chamada de Armagedom (har-meghiddôn), que significa "monte de Megido". Ali ocorrerá a terrível batalha final dos reis da terra contra Israel, e da grande vitória de Israel que será promovida por Cristo (Os 1.10,11; 2.14-23; 13.4, 14; Zc 12.1-11; Ap 16.12-16; 19.11-19), quando então se darão as prisões da tríade maligna: Satanás, o anticristo e o falso profeta (Ap 19.19-21; 20.1,2), e terá início o reino milenial.




3 - OS POVOS QUE PELEJAVAM CONTRA ISRAEL NAQUELE PERÍODO (Jz 6.2,3)

1. AMALEQUITAS - Povo nômade descendente de Amaleque, neto de Esaú (Gn 36 .12-16).

Habitavam entre Canaã e o Sinai.

Depois que Moisés tirou o povo do Egito, foi a primeira nação que veio pelejar contra Israel, para tentar impedir o seu avanço em direção a Canaã (Ex 17.8-10; Nm 24.20).

Foi naquela peleja que Moisés teve que ficar de mãos para cima para que Israel prevalecesse (Ex 17.11-13).

Foi também naquela peleja que Moisés chamou ao Senhor: Jeová-Nissí (O Senhor é minha bandeira), porque havia jurado que haveria guerra do Senhor contra Amaleque, de geração a geração, até que a memória deles fosse riscada de debaixo dos céus (Ex 17.14-16).

2. MIDIANITAS - Foram a eles que juntaram-se os moabitas e contrataram Balaão para amaldiçoar Israel (Nm 22.4, 7);

3. OUTROS POVOS DO ORIENTE (OS ÁRABES) -


PERÍODO DE OPRESSÃO


Foi o quarto período de apostasia praticado por Israel, depois da morte de Josué, e por isto o Senhor os entregou por sete anos nas mãos dos midianitas, amalequitas e árabes (Jz 6.1,3-5).



4 - POR QUE DEUS ESCOLHEU A GIDEÃO PARA JULGAR O POVO, E LIBERTÁ-LOS DA OPRESSÃO DOS SEUS INIMIGOS?


A Bíblia diz que os filhos de Israel, para tentar impedir que os midianitas e amalequitas, saqueassem suas provisões, faziam para si covas, cavernas, e fortificações nos altos dos montes (Jz 6.2-5).

Entretanto, isto foi de nenhum proveito, porque os inimigos vinham como gafanhotos e invadiam toda a terra, e levavam todos os mantimentos e também o rebanho de ovelhas, bois e jumentos (Jz 6.4,5).

E isto empobreceu muito a Israel, pelo que clamaram ao Senhor, e o Senhor, após adverti-los por um profeta, de que o mal lhes sobreveio porque eles haviam andado após outros deuses, desceu finalmente para socorrê-los (Jz 6.6-11).

E o Senhor encontrou Gideão que estava a proteger a colheita do seu pai, de uma forma diferente e muito sábia: ele estava malhando o trigo no lagar.

Lagar é uma oficina com os aparelhos necessários para espremer uvas, maçãs, frutos oleaginosos, etc.

Cada vinha tinha, nos tempos antigos, o seu próprio lagar, que em geral era uma cisterna feita na rocha, com cerca de 2 metros de comprimento por um e meio de largura.

Tinha em baixo uma abertura, donde corria o mosto para uma cuba que ficava mais baixa.

Já o trigo, era malhado a céu aberto, em terreno liso e duro.

O fato de Gideão, sabiamente, ter levado o trigo para malhar no lagar, reveste-se de um sentido espiritual muito profundo, e guarda uma tipologia direta entre o Obreiro de Deus, a Igreja e Cristo:

· Em Mt 13.24-30, 37-43, a igreja é comparada ao trigo;

· Em Is 63.1-6, a morte expiatória de Cristo é profetizada como sendo Deus a pisar no lagar e a salpicar as suas vestes de sangue;

· Gideão malhando o trigo no lagar, simboliza o obreiro valoroso, que para livrar a Igreja das mãos do inimigo, a conduz ao lagar da purificação no sangue de Jesus.




5 - REQUISITOS PARA O OBREIRO VALOROSO SEGUNDO O MODELO DE GIDEÃO


1. SER ESCOLHIDO POR DEUS (Jz 6.12; Jo 15.16);

2. SER CONHECEDOR DA BÍBLIA (Jz 6.13; Js 1.7,8; Sl 119.105);

3. SER ENVIADO POR DEUS (Jz 6.14);

4. SER HUMILDE (Jz 6.15);

5. SER PRUDENTE (Jz 6.16-18);

6. SER HOSPITALEIRO (Jz 6.19; Hb 13.2);

7. TER PAZ COM DEUS (Jz 6.20-23; Rm 5.1);

8. TER ESPIRITUALIDADE, OFERECENDO SACRIFÍCIOS AO SENHOR (Jz 6.24; Rm 12.1; Hb 13.15);

9. SER OBEDIENTE (Jz 6.25-32; Dt 12.1-3; Ap 2.10);

10. SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO (Jz 6.34; Ex 18.21-26; Nm 11.16,17,25-29; 1 Sm 10.5-10; 16.13,14; At 2.1-4);

11. TER COMUNHÃO COM DEUS (Jz 6.36-40; 7.1-15);

12. SER ORGANIZADO (Jz 7.16-18);

13. SER VALENTE (Jz 7.23);

14. TER TATO PARA CONTORNAR OS LEVANTES QUE VENHAM A SURGIR (Jz 8.1-3);


O OBREIRO NÃO PODE SER:

1. Covarde (Jz 7.3);
2. Medroso (Jz 7.3).


OS INSTRUMENTOS USADOS POR GIDEÃO NA BATALHA COM OS TREZENTOS (Jz 7.16-19):

1. Trombeta = pregar a palavra;
2. Cântaro vazio = os crentes são vasos vazios para serem cheios por Deus
3. Tocha acesa = o Espírito Santo

PORQUE DEUS NÃO ESCOLHEU OS QUE SE ABAIXARAM DE JOELHOS PARA BEBER A ÁGUA?

Porque eles estavam numa guerra, e era necessário que os soldados ficassem vigilantes contra os inimigos. Os que se ajoelharam para beber a água, tiveram que deixar a espada de lado, e não cuidaram de observar se a água estava contaminada ou não pelo inimigo. Já os que levaram a água à boca, estavam podendo observar tudo ao seu redor. É por isto que Jesus nos recomendou: "Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo" (Mc 13.33).

E disse isto se referindo ao glorioso dia da sua vinda, quando acontecerá a terrível batalha do Armagedon, e o Senhor destruirá as nações inimigas de Israel, no milenário vale de Jezreel. Mas a Igreja do Senhor já estará com Ele na cidade eterna, e juntamente com Ele descerá em glória para reinar sobre a terra (Ap 20.1-6).

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