quarta-feira, 15 de abril de 2009

Os Apóstatas São Reconhecíveis

Os Apóstatas São Reconhecíveis

INTRODUÇÃO

“E, contudo, também estes, semelhantemente adormecidos, contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as dignidades”.
(Judas 8, na ACF).

Numa clara ampliação do raciocínio que vem desenvolvendo até aqui, Judas, movido pelo Espírito do Senhor, dá-nos mais algumas “pistas” para que possamos conhecer melhor os inimigos da fé.
Judas inicia correlacionando os inimigos da fé com os grupos descritos na perícope anterior. Prova disto, é que no grego do NT temos aqui, no início do verso 8, o advérbio homoíos, que pode ser traduzido como “do mesmo modo”, “igualmente”, “semelhantemente”.
Neste texto, portanto, Judas nos apresenta quatro informações que merecem destaque e atenção. Vejamos estas informações:


1. SEMELHANTEMENTE ADORMECIDOS
Esta é a primeira informação que Judas nos apresenta. Os falsos mestres, os inimigos da fé, além das características descritas até aqui, estão “semelhantemente adormecidos” (ARC). No original temos enupniázomenoi, expressão que foi traduzida na ARA como “sonhadores alucinados”. Na NTLH, encontramos “visões” para aludir a este aspecto do caráter gnóstico vigente.
Esta descrição demonstra a que tipo de gente Judas está se referindo: são homens que vivem literalmente “no mundo da lua”, pretendendo uma espiritualidade oca, destituída das bases de um cristianismo autêntico, biblicamente orientado.
O exame desta informação é por demais esclarecedor. Os gnósticos eram conhecidos por suas experiências “místicas”. Eram nelas que se baseavam no tocante à vida e a conduta. Não eram, em absoluto, nada parecidos com os crentes de Beréia! (cf. At 17:10-11). Ora, precisamos entender que o genuíno cristianismo bíblico deve incluir uma forte base bíblica, não podendo jamais estribar-se apenas em experiências pessoais.


2. CONTAMINAM SUA CARNE
Como conseqüência de uma vida sem parâmetros morais absolutos, os gnósticos se meteram num estilo de vida danoso.
Judas nos informa que eles “contaminam sua carne”. No original, temos sárka mèn miaínousin. O verbo miaíno aparece aqui. Ele é muito elucidativo, pois está associado a tingir com cor estranha, literalmente, “manchar”!
Por causa de suas experiências “místicas”, os gnósticos acabaram por adotar uma forma de vida lasciva. Eles não acreditavam que os pecados cometidos poderiam contaminar seus corpos, pois se achavam “superespirituais”, isentos de qualquer possibilidade de mácula. Por isto, um estilo de vida devassa lhes tornou peculiar, manchando-lhes a carne. Obviamente, eles ignoravam o fato de que a carne e o Espírito lutam entre si (cf. Gl 5:17-21).


3. REJEITAM A DOMINAÇÃO
Mas os gnósticos ainda possuíam uma outra característica igualmente danosa. Eles “rejeitam a dominação” (ARC). Ou, segundo a ARA, “rejeitam governo“. No grego, temos kurióteta dè athetoûsin. Estes homens não apenas viviam uma vida dissoluta, mas deliberadamente rejeitavam toda e qualquer autoridade. É bom que atentemos para o exemplo de Coré (Nm 16:1-49), que voltará a ser abordado no versículo onze de Judas.


4. VITUPERAM AS DIGNIDADES
Estamos nos aproximando de um momento crucial nas descrições apresentadas por Judas. Além de se basearem em falsas experiências, de viverem dissolutamente e de se oporem à autoridade, os falsos mestres ainda “vituperam as dignidades” (ACF). Na ARA encontramos “difamam autoridades superiores”. Na ARC lemos “vituperam as autoridades”. No original, encontramos dóxas dé blasfemoûsin.
Esta característica dos gnósticos está muito em voga ultimamente. À medida que nos aproximamos da volta de Cristo, esta tendência de se levantar contra autoridade se torna cada vez mais popular. Não existe apenas uma rejeição deliberada, mas, sobretudo, uma oposição declarada. No entanto, nunca podemos nos esquecer que esta atitude é fruto de uma vida espiritual mal estruturada, quase sempre firmada tão somente em experiências questionáveis.

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